terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Vitrines de self

Fotografia de autor desconhcido
Sermos nós mesmos. Uma definição amplamente divulgada e bem aceita em nossos meios, onde o narcisismo fatalista conseguiu lugar privilegiado. Seja você mesmo, independente dos que os outros falem! Os aplausos ressoam, e a platéia desamparada, mas amparada de modismo intelectual, se apressa em buscar, entre as várias formas de eu, um que vista bem. Busca-se vitrines, busca-se estilos. Escolhe-se um que caiba. Um que seja exótico, irreverente e que exalte individualidade.
Ah, a individualidade! Não poderia faltar, nos ditames contemporâneos um estilo que não a exaltasse com bravura! Vestindo um eu, meio as pressas, a plateia desamparada clama para o mundo: Este sou eu, eu sou assim! Os outros que me aceitem! Bravo.Veste bem. Soa bem. Desde que não se vá mais a fundo no estilo escolhido, investigando por exemplo o que é esse eu, no que ele se constitui e em quais ideais ele está ligado. Quais angústias sofrem. Que medos tem. Que sentimentos carregam.
Difícil saber, pois estes não vem com a etiqueta. Mas isso não é problema. Se esse eu esta gerando tantas perguntas sem respostas, e o inoportuno de dúvidas ( não há tempo para dúvidas) pode-se dirigir-se à vitrine novamente, escolher um outro eu!
Dessa vez um eu que não se ocupe somente com assuntos mundanos, que seja introspectivo e faça leituras de auto ajuda , esses livros de banca de quatro e noventa.
E se este confrontar-se com o momento contextual de debates e provocações, é só dirigir-se à sessões de trocas: escolha um modelo contestador e desafiador, adepto às revoluções.
Até que ele dê algum defeito...os modelos são infinitamente variados e as possibilidades sempre evidenciadas. De eu em eu, a platéia migra, desconhecendo ser, mas conhecendo estar. Na impossibilidade de existir, mas na possibilidade de experimentar. Ser, sem saber o que se é.

Nenhum comentário: