terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Inexistência de deus.

Arte de Garret Walker.


Talvez uma das primeiras manifestações do ser, que constitui-se grupal para sua própria sobrevivência e não extinção, tenha sido a espiritualidade. Desde os primórdios, os estímulos que a natureza provocava nos nossos ancestrais, que já simbolizavam através da cultura, eram interpretados ou pelo menos nomeados como evidência da existência de algo maior.
E assim, rituais pagãos se instauraram. Passa-se o tempo, muda-se o contexto e belíssimos templos foram criados. Organizações sociais em torno da fé. Fé em deuses, em deusas. Até que culmina-se em um único deus. Evolução? Só se o genocídio e o etnocídio forem consideradas como tal. Mas essa é uma outra discussão.
Surge um deus. Milhares de indivíduos aglomerados manifestando sua fé em igrejas, cultos, centros, guerras. Alguns pedindo, outros agradecendo, outros ofertando e outros matando.
No mais, penso cá com meus botões a razão para o fato. Com relação aos extremistas, creio que o contexto sócio-histórico fala por sí só. Ocupo-me a investigar com alguns amigos, os mais próximos, que me respondem intrigados:..." deve haver um motivo para isso tudo. Há uma explicação para estarmos aqui! Alguns familiares mais tradicionais comentam quase introspectivos:..precisamos nos apegar em algo, senão não aguentamos! Outros não sabem, acreditam que assim deve ser.
E por que não aceitamos o fato de que o motivo para tudo isso foi um acidente do acaso, que através do qual nos adaptamos e perpetuamos? Que nascemos, crescemos, nos desenvolvemos e morremos, como qualquer espécie biologicamente semelhante, ou não ( nunca ouvi falar no céu das plantas, ou na reencarnação de um bezerro). Por que não nos atemos às explicações cientificas? Veja, os primórdios não detinham as explicações que hoje, a ciência nos oferece. Uma aura hoje é explicada pela física.
Então o motivo cai no subjetivo. A angústia. A angústia de saber, que o preço que pagamos por estar vivo e viver em sociedade é muito alto. Que nos abstemos de prazeres em nome de obrigações.A angústia de conviver diariamente com injustiça social ( o controle necessário das massas?). A angústia de perder quem amamos, de conviver com doenças incuráveis, catastrofes naturais. De morrer, simplesmente morrer, sem que nada disso tenha feito o menor sentido...
Esse é o fato. Como dizem os existencialistas, é a dor de estar abandonado à própria sorte.
No mais, a angústia é amenizada pela fé. Ameniza a dor de ser um ser do acaso, da finitude sem porque.
E não, não tenho nada a oferecer, nesse texto que substitua seu deus. Só constato o fato.
A escolha transita entre a angustia e a alienação. Que seja feita a tua vontade...!

Nenhum comentário: