quinta-feira, 24 de abril de 2008

Pela metade.

Marc Chagall

Sou mais ou menos alegre,
Mais ou menos ambígua,
Mais ou menos alerta,
Mais ou menos amiga.
Sou mais ou menos esperta,
Mais ou menos bonita,
Mais ou menos correta,
Mais ou menos fingida.

Sou mais ou menos tudo.
Sou mais sonhos e menos mundo,
Mais cordas e menos música,
Mais os outros e menos única.
E de tanto ser mais ou menos,
Sou mais ou menos eu.
Um ser pela metade, pelas frestas,
Meio rosto, meio gosto, meio morno.
Meio bobo, meio torto, meio tudo.

Um ser mais ou menos,
Menos eu e mais vazio.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Circustâncias.

Rene Magritte

Cedo ou tarde chega a hora do confronto: como expectadora, uma noite fria e mal dormida de outono que facilita a instrospecção solitária. De um lado, a ilusão que luta para se mater em pé diante à frieza quase incontestável da realidade dos fatos. O confronto está selado, e a única sensação que fica enquanto forças opostas tentam sobrepujar a verdade é traduzida numa única pergunta:


Onde eu estava esse tempo todo?


Saio de um entorpecimento quase absurdo, louco e cego, e sou jogada sem aviso numa batalha onde não tenho armas para lutar.


Onde estão as minhas armas?


É ensurdecedor o grito que minha alma cala. É caótico e confuso onde estou agora.

Não sei onde estou, nem porque estou e sequer como fui jogada aqui. Como sobrevivo, não sei, se fujo ou se fico.O que sei, é que minha rotina permanecerá a mesma e a minha expressão vai ser de suavidade e serenidade com um sorrisinho espontâneo para os que cruzarem o meu caminho. Mas sei que aqui dentro, não vejo, não ouço, não creio. Lamento.