quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Os pequeninos.

Se existe algo que me dá paixão e traz sentido na minha vida é o fato de lecionar.
Professora de periferia, período noturno, pré adolescentes. Não trocaria aqueles olhinhos brilhante por nenhuma escola particular do mundo.
Quase toda noite sou contemplada com um presente, daqueles além dos embrulhos. Me comove como crianças tão marcadas pela violência e perdas organizam uma festinha de aniversário com bolo e guaraná para um coleguinha, que não terá uma festa em casa. Me comove quando descobrem o quanto são talentosos e capazes, quando antes só afirmavam: - Não consigo dona, sou burro( a) , não vou ser nada na vida! - repetindo o que sempre ouviram em casa. Me comove sair da escola tarde da noite e ter no portão ex alunos de bicicletinha me contando onde estão trabalhando e o que estão estudando na escola nova. Me comove levar meus alunos no teatro domingo a tarde e encontrar outros adolescentes da comunidade me esperando, pedindo um ingresso para nos acompanhar no passeio.
São lições que eu trago comigo para sempre e me enchem de vontade de continuar, quando o desânimo me pede para parar. São lições que trazem sentido à nossa vida patética e ridícula, dadas por pequenos de catorze anos, sobreviventes. Eles são meus professores.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Personalidade Ciclóide.

Não gosto de psicólogos. Pra mim eles são incrivelmente chatos, sem falar que, aquela postura de suposto saber é artificial e pragmática, por isso prefiro mil vezes me misturar com antropólogos, historiadores e sociólogos, que são muito mais interessantes para horas de conversas a fio. Entretanto quis o destino que eu me apaixonasse pela ciência psicológica e consequentemente fizesse parte desse nicho de chatos. Me tornei psicóloga.
Me fascina o ser humano e suas vicissitudes. As patologias, os processos, as estruturas. As escolhas, os valores, a moral. Mas nunca pensei em usar da psicologia para me compreender: o outro sempre me foi mais interessante, as manifestações culturais, grupais, individuais, patológicas, criminais, sócio-históricas. Isso sim é extraordinário!
Quanto a mim, vou bem obrigada. Mais uma entre tantos. Trabalho, como durmo, choro, rio, saio, namoro, transo, assisto, xingo, bebo, fumo. Entretanto algumas características, para mim normais, começaram a incomodar os meus e comecei a notar que talvez nem tudo ia bem assim:

- Irene você cheirou alguma coisa?
- É óbvio que não!
- São quatro da manhã, você não tem sono?

Não, não tenho. Aliás, das dez da noite às três da manhã fico logorréica e não sinto nenhum sono. Quero falar, contar, ler, pesquisar, escrever, assistir, tudo ao mesmo. Comecei a ler nessa semana cinco livros de uma vez só. Assim são minhas noites. Acordo as sete da manhã de muito bom humor, mas ele varia com o passar das horas, que vai de uma leve agressividade e intolerância à uma grande explosão de risos. Não gosto conversar das 14h às 16h. Fico introspectiva e de mau humor. Geralmente deprimo e choro um pouco. A vida não tem nenhum sentido e de repente passa a ter denovo!

Descobri que nem todo mundo é assim ( parece óbvio!) e resolvi ver um colega de nicho. Junguiano, jovem, brilhante. Nada tem de chato, apesar de ficar visivelmente sem ação quando me encontra no supermercado ou em qualquer outro lugar fora do divã. Coisas de analista.
Com alguma terapia chegamos a um veredicto: F34.0 sem necessidade de moderador de humor.

- Puta que pariu, além de tudo uma doença da moda. Esse modo de vida deve ter criado em mim e em outros tantos essa patologia sem controle e...
-Quer falar sobre a negação ?
- Não! Quero falar sobre a cultura.... Ok falemos sobre a negação...

Devo ter feito o curso errado. Odeio psicólogos!

domingo, 12 de setembro de 2010

REUNIDAS e a viagem do inferno.

Todo mês, duas ou três vezes no mínimo a pós graduação, a inquietação ou o funcionalismo público me coloca num ônibus para viajar. Acabo apelando para as viações, porque se eu for de carro e pegar um desses caminhões de cana na minha frente, fico atrás dele até chegar ao meu destino. Pior que fico mesmo! Tenho medo de ultrapassar com meu carrinho um ponto zero, sem falar que essas placas de rodovia me são estranhas e invariavelmente não entendo o que é para fazer. Até aí tudo bem. Adoro levar um livrinho para ler e olhar pela janela pensando na vida, enquanto o ônibus percorre seu trecho. Mas tem dias que você está há sete dias sem transar, com meio hamburguer no estômago o dia inteiro e ainda briga com a melhor amiga. E nesses dias tem que encarar a viagem de volta.
- Você é arrogante e egoísta! E ainda fica me julgando! Não entende minha situação.
- Não estou te julgando, eu entendo sim, mas é que as coisas não tem que ser assim e...
- Vocês são psicólogas? - pergunta a funcionária da universidade que nos encontrou na rodoviária
-Somos, respondo baixinho
- Ai que legal que é ser psicóloga, psicólogos não tem problemas né?
Ai deus, mais uma daquelas.
- Temos sim, quem é que não tem problemas, não é?
- Ah vocês não tem não! Acho muito bacana, logo vocês vão voltar aqui né? Vou procurar vocês.
Concordamos com a cabeça e nos despedimos da simpática funcionária, que tomou seu ônibus.
Logo nosso ônibus também chegou. Três horas de viagem pela frente, e um bico imenso da melhor amiga que sentou no meu lugar na janela e pegou meu livrinho de viagem para ler. Não falei nada, afinal de contas eu era arrogante e egoísta e precisava melhorar a situação.
Sem ter a janela para os devaneios e o livro para ler, pensei num breve cochilo. Afinal foram oito horas de aula, e tinha viajado a manhã toda.
Tão logo caí no sono, o ônibus dá sua primeira parada:
-Fernandoooo!!!!!
Acordei em sobressalto com o grito
-O loco cara, é você mesmo?
- Fala André, que coincidência. To voltando cara!
- Faz quanto tempo que você tá fora?
- Um seis meses cara. To lá em Votuporanga. Aquilo sim é vida mano. Longe daquela desgraça de mulher! Cara não posso nem ver ela na frente.
-Verdade? O que aconteceu?
Era a pergunta que eu temia. Não pela história, ou pela conversa: pela altura da prosa. E assim ele foi contando para o amigo e para todo ônibus sua saga amorosa e o quanto não gostava mais da moça em questão.
Já que não podia dormir, estava sem a janela e sem o livro, fiquei tentando olhar para a outra janela do corredor. Nesse banco, tinha uma menina engraçadinha comendo aqueles salgadinhos fedidos, no colo da mãe já impaciente com a menina, que não parava quieta. Fiquei olhando ela brincar com o salgadinho, mas tentando alcançar a janela. Quando reparo, a mãe está me olhando feio, perguntando com o olhar: - O que você está olhando aqui? Está me achando feia? Talvez gorda? Uma mãe ruim porque a menina está bagunçando?
Antes de começar qualquer diálogo desagradável, abandonei olhar a janela do corredor. Fiquei olhando as costas do banco do André, o interlocutor de assuntos do coração.
Próxima parada. Alguns descem, outros sobem. Entre os que sobem, seis meninas muito animadas, com cervejas na mão, saias curtas e muito gloss. Sentam lá no fundo e começaram a planejar o que iriam fazer quando chegassem na balada.
"Mas esse ônibus lá é ônibus de levar alguém na balada?!" -pensei.
É claro que as meninas baladeiras animam os viajantes da frente, que incessantemente olham para trás, para conseguir algum olhar, ou algum risinho das garotas. E para fazê-lo, debruçavam no banco com o cotovelo, subindo no acento com os joelhos.
-Puta que pariu...
Nessa altura minha amiga já esta sem o bico, e começa a solidarizar comigo, com risinhos marotos.
Na terceira parada, todos descem e pouquíssimos sobem. Olhamos aliviadas uma para a outra com a vã ilusão de que teríamos uma viagem sossegada. Mas inventaram a porcaria do celular né? Tinham que inventar...
- Alô! Alô!! Atende essa porcaria de telefone que eu já tô na estrada! Não desliga esse telefone, eu tô te avisando! Fala comigo! - falava a moça indignada, batendo com o celular o banco da frente, quando a outra pessoa desligava.
- Você não pode fazer isso, o que eu vou fazer? Já estou com as malas. Você vai me buscar! Vai sim! Não posso ficar lá sozinha...já soluçava a garota.
Talvez se eu não estivesse viajando desde as seis da manhã, se eu estivesse na janela, se eu pudesse virar minha cabeça para olhar o corredor, se eu pudesse ler o meu livrinho, se eu não estivesse a sete dias sem transar e com meio hamburguer no estômago, eu até sentisse pena da moça. Mas eu já começava a achar que existia um complô sobrenatural que conspirava contra meu sossego e emburrei encolhida no banco.
Na quarta parada ( que diacho esse ônibus para tanto?), a moça desceu. Bocaina, terra dos sertanejos, cidade interiorana simpática, pequenininha. Mais uma hora de viagem até nosso destino.
Quando o ônibus retoma seu caminho, um passageiro teve a brilhante idéia de ouvir música. Sem fones de ouvido, claro. E como desgraça pouca é bobagem, colocou um sertanejo e ia cantando junto com a letra:
"-Te dei o sol, te dei o mar"....!!!
Fechei os olhos e comecei a abstrair.
" Vou ouvir a musiquinha, fechar os olhos que daqui a pouco chega"....
Até que de repente outro passageiro quis compartilhar seu gosto musical conosco:
" I wanna hold ´em like they do in Texas place...." lady gaga, altíssimo, misturado com a dupla sertaneja que não sei o nome.
Nessa altura do compeonato minha amiga perde a paciência:
- Ah é assim, agora chega!
- Que você vai fazer?
- Vou colocar uma música também!
- Coloca uma calminha do Luis Tatit então e...
- Que Luis Tatit, o que. Vou por essa!
E ela, com um ar desafiador esquisito, que nunca vi na minha amiga dá o play em Piace Of My Heart da Janis Joplin, com aqueles agudos e solos de guitarra que só combinam com depressão ou cerveja.
É claro que o som incomodou, e ao invés de todos terem a sensata idéia de desligar suas musiquinhas, outros passageiros resolveram ativar o MP3 de seus celulares, misturando todos os estilos musicais possíveis em catorze metros de ônibus.
- E ai se alguém falar alguma coisa!! ela resmungava.

- Pai?
- Oi filha já chegou?
-Cheguei! Preciso da sua ajuda.
- O que é?
-Preciso urgente que você me ensine a ultrapassar caminhões na estrada.
- Por que? Vai de ônibus, filha. É tranquilo e você vai lendo um livrinho, vendo a paisagem da janela, ouvindo uma musiquinha.
-Livro, o que! Música, o que! Quero ultrapassar os malditos caminhões!
- Credo! Você nem veio dirigindo na estrada, não era para estar assim estressada.




quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Enquanto isso, na Unidade Prisional...

- Doutora, trouxe umas poesias que eu escrevi lá na minha cela pra senhora ler.
- Ué, mas eu pensei que você não soubesse ler ou escrever!
- Eu não sei. Mas é como se eu visse as palavras flutuando no ar, pegasse elas com a mão e as colocasse no papel...


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A tal da arte

Enfim estou retomando mais uma vez os posts desse blog. Retorno seguindo a sugestão do meu estagiário que me ouviu resmungar a manhã toda de hoje, por conta da suspensão de uma resolução muito bem vinda do CFP.
"Filha da puta esse sistema judiciário brasileiro".
" Eles fazem o que querem conosco, porque representam a soberania, não respeitam nossa profissão".
Acho que penalizado pelo amargor do meu mau humor matinal pós feriado, procurando soluções entre um xingo e outro, ou simplesmente para me fazer calar a boca, o simpático estagiário dispara:
"Você tem uma opinião forte! Deveria fazer um blog, e lá meter o pau em todo mundo!"
Acho engraçado esses universitários. Desde quando meter o pau em todo mundo resolve alguma coisa?
Mesmo assim, achei a idéia bem vinda, até porque se tem alguma coisa que eu sei fazer muito bem é criticar. E reclamo bem! Fundamento minhas críticas e quase convenço quem tem saco de me ouvir. Além do que, eu me lembro que escrevia muito bem quando estava em estado emocional caótico. E eis me aqui, trabalhando doze horas diárias, fazendo duas pós, com uma insônia violenta e milhões de questões emocionais em pauta.
Mas isso não é assunto para este post. Esperemos um pouco mais de dor e aí me lanço nas poesias.
Sobre o que escrever então?
Resolvi escrever sobre a tal da arte. Vamos a ela.
Estou longe de ser uma especialista no assunto, sou uma apaixonada pelo teatro, pela música por pintura. Sou leiga, porém curiosa. E experimento as sensações que a arte proporciona, a embriaguez segundo Byron, tão necessária para sentir a realidade e o outro, a vida embebida de sentidos e a reflexão necessária pra não nos levarmos pela cegueira. Arte é isso não é? Algo que faça tamanho sentido que modifique caminhos e percepções.
Entretanto confesso que ultimamente, tem-me sido desafiador compreender essa tal arte. Dia desses, assisti a uma peça na metrópole onde meio a discursos desconexos, personagens ambíguos, em uma cena pouco clara o ator enfia seu dedo lubrificado em vinho no anus do outro ator, seguido de uma lambida no cu. Este por sua vez, simula um orgasmo contraindo sua musculatura anal, enquanto a câmera filma com zooms generosos , certificando que todos alí estão entendendo o que se passa.
Quando vi a perplexidade dos que estavam comigo, disparei:
" Isso é uma expressão antropofágica do amor homossexual, partindo de uma expressão vulgar do tomar no cu. Como uma palavra de baixo calão deve ser mistificada, a proposta é mostrar que o amor homossexual é também no cu, percebem, uma forma de tornar comum e acabar com preconceito" .
Eles acenam com a cabeça concordando, outros se retiraram. Não tenho a menor idéia se o diretor realmente tinha essa mensagem para passar, ou se a coisa descambou de vez. Lá no fundo eu torci para estar certa, mas fiquei pensando que talvez por se chamar arte a gente se torne passivo a qualquer coisa.
Mas a confusão não para por aí. Me arrisquei também em uma exposição de quadros. Pintor famoso. Europeu. Uma fila gigante. Na fila mocinhas engraçadas, com roupas esquisitas. Acho que deve ter um guarda roupa específico pra amantes de arte. Geralmente os cabelos são ensebados, as calças saruel, uma bolsa dessas de crochê é obrigatória.
Uma delas comenta:
" Olha este. Percebem? Isso é inovador, perceba as linhas, a sutileza do desenho. Está vendo que tristeza?"
Eu juro que fui lá ver, seguindo as mocinhas esquisitas. As linhas eram mal traçadas, xilogravuras horrorosas, esboço mesmo.
"Tenho certeza que mandaram as piores criações dele ...as melhores devem estar em um museu né?" - arrisquei falar para um amigo que me acompanhava, enquanto os outros que ali estavam me olharam com um ar engraçado que diz - essa não entende nada!
Será mesmo que a arte está indo para um caminho que não estou captando mais, ou nossos artistas estão se tornando perversos e preguiçosos?
Espero que não, senão, pobre de nossas sublimações....

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Ela.

Magritte

De longe eu a observava. Seus movimentos pareciam vindo de um transe e traduzia sua vontade de integrar-se àquela massa disforme de rostos e pessoas. Os movimentos que ela fazia com o corpo e com os cabelos, eram comuns para a maioria que nos rodeava, todos faziam o mesmo, seguindo o som grave dos surdos e dos batuques do maracatu. Mas ela tinha algo mais: tinha graça, uma beleza indiscreta e sedutora, incenava num palco imaginário seus encantos e sua feminilidade, como se não houvesse nada mais ao redor.

Mas eu via além do belo espetáculo da beleza que fora vendido. Via incenado no seu palco, angústia. Ouvia o grito silenciado dos seus anos sofridos, das suas dores contidas, dos seus medos guardados e o vazio da graciosidade dispensada aos homens que a rodeava com desejo. Via na indiscrição da sua dança, pedidos discretos de ajuda.

Queria tê-la por perto. Não conseguia mantê-la ao meu lado, ninguém conseguia. Era um espírito livre que fazia um esforço tremendo para fazer parte de algo, e um maior ainda para ser alheia a ele.
E de longe eu a observava, linda, sedutora, triste. Tão longe de mim, tão distante de sí.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Desabafo

M.C Escher

Que me desculpem o desabafo, mas a verdade é uma só: Isso de querer tirar interpretação de fatos que nos acontecem inesperadamente, de fazer mudanças repentinas e desajeitadas para uma reorganização de vida que parte do pressuposto que- " tudo que ocorre, ocorre por uma razão" - para mim é desculpa de comodidade. Não sei lidar com o que não planejo e tenho a ilusão de que controlo tudo. Sim, adimito que seja uma ilusão, pois o inesperado acontece, situações nos são impostadas, mas eu caminho novamente, em direção oposta, para reestabelecer a ordem abalada, se é ali que acredito que eu deva ficar. Quem dita o que acontece comigo sou eu! E mesmo que eu não controle todas as variáveis de minha vida, escolho o que fazer com elas. Não sou contra mudanças, pelo contrário, sou a favor de um abalo sísmico subjetivo, ora ou outra, para termos a oportunidade de repensar pontos de vistas, questões morais e comportamentos. Mas adequar situações com pesar, porque assim deve ser? Nem morta!
Além dessa ilusão de controle e auto suficiência, sofro de outros males: neurose, fixações e paranóia. E não, não acredito que eu seja homossexual pelo último mal descrito, ou talvez seja, mas isso não é importante no momento. O que importa é que vez ou outra a forma como vivo não se adequa ao que considero correto: tenho comportamentos absurdos, atitudes irracionais e um estilo de vida que, gostaria absurdamente de mudar, para ser diferente do que sou. Entretanto, como sou também a parte que não quero de mim, dou um jeitinho de encaixa-la alí e formar a conjuntura de unicidade. Por mais bizarro que pareça, escolhi viver de fragmentos e vivo bem, obrigada. Feliz? Ora ou outra, o que já é suficiente, ou vocês acreditam em felicidade eterna? Por favor!
Fora isso, ainda fazendo jus ao título deste texto, sou extremamente egoísta, tudo deve ser do meu jeito, porque obviamente é o mais correto. Sou arrogante e só sei falar de mim, bem digam os posts desse blog.
Mas ao contrário do que possa parecer, me divirto com minhas características, por piores que sejam julgadas e me sinto bem por tê-las, porque sou verdadeira.
Claro eu também sorrio quando não quero, socializo por conveniência, presto favores contrariada. Tenho uma bondade que se manifesta, principalmente nos dias de inverno. Gosto de ensinar. Gosto de criança de rua.

Mas manifestar bondade para conseguir alguma coisa? Nunca. Agradar alguém para ter garantia de companhia sempre? Jamais! Fingir fragilidade para ter o apoio? Nem morta!

E acreditem vocês, tem gente que consegue me amar. Explicação para isso só encontro num fragmento da Clarice Lispector....."Isso lhe assusta? Creio que sim. Mas vale a pena. Mesmo que doa. Dói só no começo."