quinta-feira, 24 de abril de 2008

Pela metade.

Marc Chagall

Sou mais ou menos alegre,
Mais ou menos ambígua,
Mais ou menos alerta,
Mais ou menos amiga.
Sou mais ou menos esperta,
Mais ou menos bonita,
Mais ou menos correta,
Mais ou menos fingida.

Sou mais ou menos tudo.
Sou mais sonhos e menos mundo,
Mais cordas e menos música,
Mais os outros e menos única.
E de tanto ser mais ou menos,
Sou mais ou menos eu.
Um ser pela metade, pelas frestas,
Meio rosto, meio gosto, meio morno.
Meio bobo, meio torto, meio tudo.

Um ser mais ou menos,
Menos eu e mais vazio.

2 comentários:

Victor Canti disse...

auto-crítica forte... o dualismo está ai por toda parte, e ele nos afasta da própria essência, transformando-nos mais em aparência do que realidade (são os mistérios da existência..), eu tb me vejo direto nessa situação, o que não podemos é nos entregar...
belo texto!
beijão

Sidarta disse...

Eu também me vejo um pouco assim. Ora mais, ora menos. Ora tudo, ora nada. Já saí para fora, tentando me encontrar. Hoje mergulhei adentro e me perdi num terrível vazio cinzento. Tento manter um olho no mundo, enquanto o resto de mim continua a vagar. Quem sou eu? Mais um... ou menos outro.